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Pontes dos destinos

 

Na casa pequena, grandes momentos vividos, no simples de tudo, a riqueza de muitos. De tudo o que vejo, que sinto e quero, a saudade é maior, sim, dos pés descalços, brincadeiras inocentes, um mundo sem medo, sem perigo e sem dor. Era exatamente assim que me sentia, quando meus pés naquela água tocavam, lembro-me bem, de todas as tardes...
O tempo passou rápido, que não pude notar, que muitas coisas, que disse jamais abandonar, hoje estão aqui, não digo largadas, pois tenho bons cuidadores.
Das pontes ligadoras de destinos e a proximidade na distância de meus amores, temores, frustrações, lágrimas, dores, saudades... Caminhei tanto, por vezes em caminhos que, jamais imaginei o  fim. Voltei, andei em círculo, para então o afunilado da vida me trazer aqui. É lindo, mágico, ligamos nossas vidas tão longe e tão perto. Precisamos primeiro criar um elo, para depois percebermos que muito antes de conhecer alguém, esse já nos pertencia. Misteriosa em meus amores,  por vezes recolho-me em  pensamentos, sem nem saber se em um momento estaria assim, tão perto.. Meu nome? Não sei... Me tomo apenas pela figura que a mim foi passada, e por cada página do livro da vida, que um dia por Suas mãos passara. Relendo nas dores do mundo, meu mundo em pedaços, ponho - me  em pensamentos que jamais explicarei, antes mesmo de em minha vida a saudade vir viver, o meu coração queimava, o medo de um dia isso aqui eu não mais ver...

(Lívia Costa)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                   Foto : Juliana Oliveira

 

 

 

Só o abraço

Quantas vezes sentimentos a falta da expressão exata de carinho, daquele aconchego, ainda que do colo de um desconhecido. Quando estamos do outro lado da história, por vezes pensamos que é desnecessário, invasivo, muito íntimo para doá-lo a qualquer um, afinal, quem sairá abraçando o desconhecido, com esse mundo tão deturpado, de valores corrompidos...
Mas hoje, talvez pela necessidade incontrolável de um abraço, me pego a pensar na importância e simplicidade desse ato, um abraço marca uma despedida, uma chegada, salva vidas, reaviva sonhos e acalma a alma aflita, sim apenas um abraço sincero tem todo esse poder. Dois corpos, duas almas, dois corações unidos, entrelaçados por segundos, fazendo o pulsar do peito ser revigorado.
Hoje, estou só, abraçada em um travesseiro, longe de qualquer colo, distante de um abraço, hoje escrevo essas linhas, pois quando tive os abraços mais gostosos, dei pouca importância, sim, hoje estou fraca, frágil, carente do abraço que me faz viver...
Hoje eu não queria ouvir "vai dar certo, segue de cabeça erguida", precisava apenas do abraço sincero e do conforto de ouvir "fica, seu lugar é aqui, escondido em meus braços"
Abraços...

(Lívia Costa)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pobre Palhaço

Todo palhaço depois do espetáculo vive o momento de dor;
Nem a alegria que grita ao mundo e capaz de fazer seu lamento morrer;
Nada daquilo de fato existe, é fantasia do tormento sem fim;
Se todas as dores e seus temores tivessem o fim? Nem sempre o sorriso seria tão limpo, afirmo que sim!
De tudo o que vejo, os sonhos, desejos, de tudo que sinto, esse vazio me faz assim, palhaço sem graça que mascara sorriso de ser feliz. 
Na demência da vida a sanidade da dor, de tudo que passa tem o esplendor, da vida sangrada, de culpa e medo, dos poucos desejos, de tudo o que vejo...
A fabrica de risos se cala ao anoitecer, sozinho e amargo vive a sofrer, na loucura do show, na vida colher o fruto de tudo que esse palhaço maluco, veio se meter, na guerra interna de seus lamentos em gritos e ventos fazendo o riso no outro nascer.
Estranho percurso do palhaço no escuro, parece até ser alguém tão feliz, cheio de vida, de graça a doar. 
Mas só o palhaço sabe o caco do seu estado, coração em pedaços, no meio dos trapos da cena alegre, de tudo que sabe e se mascarar do alegre viver...
Pobre palhaço coração em pedaço não pode sofrer...

(Lívia Costa)

 

 

 

Café com história

 

Às vezes esperamos muito do outro, já dizia minha avó, sábia mulher, -“coração alheio é terra que ninguém anda”. Penso ceticamente em tudo o que ouço, não por maldade, mas por precaução, não me olhe assim, eu sei que de tudo tens medo, também, pense comigo, te digo essas coisas e vejo em seus olhos o entendimento, não fique assim, a vida é simples, clara e muito curta para tanta indagação. Sirva-se, o café é gratuito, mas não esqueça de que em cada gole, uma velha história.Sorrindo ele me diz que nunca imaginou que ficaríamos assim, velhos, ranzinzas, analisando cada passo da vida, com a cabeça bem baixa questionando essa sina, de viver escrevendo enquanto os outros vivem, acredito que veio a saudade do tempo em que todos andavam, e nós? Ficávamos olhando de um lado para o outro buscando personagem para nossas loucas e chatas histórias.Olhando meu velho amigo, semblante cansado, falando essas coisas, não penso assim, sinto-me honrada em ter sido a louca das contraditórias palavras, dos versos, poemas a tantos dedicados. Nasci para isso, é mais do que quero, tenho por amigo um simples papel. Das minhas andanças, de tudo o que vi, digo a ti, eu sim vivi. Viajei pouco, mas em muitos lugares ancorei pensamentos, fui até Marte, vislumbrei a Terra quando sentada na ponta da Lua, essa canção me pus a cantar. Minhas mãos sujas de tinta da caneta estourada de tanto trabalho, em minha mente, delírios insanos de um mundo em pedaços, tantas vertentes, vagantes, bisonhos, somos dependentes do sistema errôneo, tantos valores perdidos se vão, pais contra filhos e  filhos contra pais, amigos? Ninguém os reconhece mais. Até quando viveremos assim, onde a vida do outro não tem validade no fim, por banalidade se mata, destrói, tantos escândalos e roubos, vivemos um tempo, meu velho amigo, que apenas escrevendo para escapar das noites sombrias. Triste do mundo que em seu imundo e obscuro destrói a pureza dos velhos amigos. Das histórias de dona Neuza, mãos grossas de tanto trabalho, ensinou os filhos com muito cuidado, mal sabia ela que agora os contos que com tanto medo falava, hoje são reais nessa vida louca e sofrida.Meu velho amigo não lamente os dias passados, pois deles tiramos nosso pão, do chão e pés descalços, em um tempo que a rua era campo, na chuva o banho, e o único estrondo eram dos fogos de São João, éramos brincantes de mundo tão livre e se a maldade lá existia era tão escondida que não conheci, que nostalgia, onde em passos largos corria na rua, de esconde-esconde a pega-pega. Quem não se lembra da Dona Luzia, com sacolé feito de fruta, e daquela senhora, chamada Tereza, das noites cirandas, dança de roda, do primeiro beijo atrás da igreja, são coisas que foram tão rápido nem percebi, mas esse frio na barriga me mostra que bons tempos; vivi.Nesses dias sangrentos, onde nos jornais não se vê ensinamentos apenas as mortes de forma cruel, tem gente sem vida vivente vagante, tem gente já morta vivendo na gente, como eu queria parar o tempo e cessar o lamento do mundo perdido. Meu velho amigo, seu café esfriou, seque essas lágrimas, nosso tempo ainda não passou, aproveitemos a chuva, mostremos para aquela turma, que de belas histórias nossos cabelos acinzentaram, pula meu velho, a corda balança, entre na dança, pois é a esperança do mundo notar que a bondade do passado, precisa voltar.

 

(Lívia Costa) 

 

Namore-se

Seja amante de si mesma, sim, olhe para o espelho e reconheça sua grandeza, seja sua melhor amiga, vista a melhor roupa, sorria, seja você, seu primeiro lugar. Vem? Perceba como a sua companhia é agradável, delicie-se de si mesma, converse com seus sonhos, faça planos com seus objetivos, nomeie os seus medos e ultrapasse as suas barreiras, vá a um bom restaurante, ou naquele novo bar para uma conversa entre você e você, paquere a si mesma em frente a tudo que reflete sua imagem, depois NAMORE-SE, e por fim, case-se com si mesma, lembrando de ser sua eterna amante e serás feliz... Feliz... Pois o amor próprio, é O AMOR!

(Lívia Costa)

Leia-me ;)

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